18/12/07

Natal-faltam oito dias


NATAL À BEIRA-RIO


É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?


David Mourão-Ferreira, Obra Poética 1948-1988
Lisboa, Editorial Presença, 1988

02/12/07

A cozinha dos ganhões



Neste domingo nevoento de princípio de Inverno nada melhor do que um almoço alentejano. E que bem que os ganhões comiam.

30/11/07

Efeméride - 30-11-1807

Passam hoje duzentos anos sobre o início das invasões francesas em Portugal.

22/11/07

Reflexões




“Não pode acontecer-me mal sou nova
e apenas as pessoas muito idosas se transformam em retratos e somem da memória.”(*)


Não acontece só às pessoas muito idosas às”pouco idosas” também.
(*)ANTUNES, António Lobo in O meu nome é legião (pag.86)

21/11/07

Poesia da semana


AH, quanta vez, na hora suave
Em que me esqueço,
Vejo passar um vôo de ave
E me entristeço!

Por que é ligeiro, leve, certo
No ar de amavio?
Por que vai sob o céu aber
Sem um desvio?

Por que ter asas simboliza
A liberdade
Que a vida nega e a alma precisa?
Sei que me invade
Um horror de me ter que cobre
Como uma cheia
Meu coração, e entorna sobre
Minh'alma alheia Um desejo, não de ser ave,
Mas de poder
Ter não sei quê do vôo suave
Dentro em meu ser.


Fernando Pessoa

13/11/07

Notas de viagem-1



Na impossibilidade de escrever sobre a viagem à Alemanha ao mesmo tempo que ela decorria vou agora fazê-lo. Não sei ainda muito em como sairá. Deverei obedecer a um plano pré-definido? Existirá mesmo um plano ou irei simplesmente escrevendo ao sabor das recordações e dos estados de alma? A seu tempo se verá.

08/10/07

Os voos da imaginação



Um dia destes quando estava no café vi aproximar-se um casal jovem. Ela estava grávida (de pouco tempo), ele conduzia um carinho de bebé. De bebé não havia sinal, a não ser daquele que ainda se encontrava na barriga da mãe. Soltei a minha imaginação e comecei a questionar-me. Para que seria o carrinho? Será que existia uma outra criança, já nascida? Onde estaria? Teria sido deixada no hotel ,quiçá sozinha a dormir ( não seria a primeira nem provavelmente a última)? Ou seria apenas uma forma de os pais se habituarem aos seus futuros passeios após o nascimento do rebento? Poderia ainda imaginar outras situações mas parei por aqui e voltei a mergulhar na leitura dos jornais. Talvez mais tarde voltasse a este tema.
Entretanto o casal, que tinha entrado no café, saiu e rumou em direcção à praia. Quando olhei novamente é que vi que uma mulher, com uma criança ao colo se aproximava de ambos e que a futura (afinal) actual mãe a segurou nos braços fazendo-lhe festas e levando-a consigo.
Senti-me defraudada, a possibilidade de uma história mais imaginativa desvanecia-se. Estava simplesmente perante uma rotineira ida à praia de um casal com um filho e à espera de outro.

23/09/07

Emigração



Boa Sorte




O cordão umbilical vai esticando cada vez mais… mas não parte.




14/09/07

A abertura do ano lectivo


Carlos Fiolhais no artigo“ Regresso às aulas” in Público de 14/09/07 diz:


“Não é com exames mais fáceis ou sem exames. Nem com currículos pejados de “eduques”. E muito menos quadros interactivos. É com o apoio aos professores e com o apoio dos professores. O maior erro do Ministério da Educação foi ter hostilizado os professores, que são a pedra angular de qualquer sistema educativo.”



Elementar …meus caros Sócrates e Maria de Lurdes…

O sublinhado e o comentário são meus.

05/09/07

Passeio ao Jardim Zoológico

Num intervalo da vilegiatura estival algarvia, uma visita ao Zoo de Lisboa


















Os meus preferidos

31/08/07

O mês de Agosto




Passou o mês de Agosto. Mês de férias para quem ainda está “no activo”. O calor, não tanto este ano, a família e até a cadela. O cansaço, um cansaço são mas que existe.



Ah! Como eu te invejo

12/07/07

Portimão - o que ficou

A chaminé que restou duma fábrica



A antiga ponte rodoviária


A ponte do comboio pintada de novo


Sem cotação na bolsa mas com tradição



O antigo prestes a desaparecer


Soluções engenhosas

23/06/07

O ópio do povo



"A imagem pode ser o novo ópio do povo. Vivemos num mundo de reconhecimento, não de conhecimento. Vive-se realmente através do ecran. Os meios de comunicação devem ser objecto de educação, não só um canal de informação. Só se entende a manipulação das imagens ao fazer um filme. Há que aprender a ler, a escrever e também a ler e fazer imagens."


MARC AUGÉ, Antropólogo em entrevista a El Pais em 23/06/07

Da informação ao conhecimento









21/06/07

O Verão começa hoje...



Num dia de Verão

Como quem num dia de Verão abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos com a cara toda,
Às vezes, de repente, bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos
E eu fico confuso, perturbado, querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...

Mas quem me mandou a mim querer perceber?
Quem me disse que havia que perceber?

Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque. é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo..

Alberto Caeiro

18/06/07

Para o meu bichinho

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive


Fernando Pessoa

16/06/07

Loja das Meias


“A Loja das Meias fecha as portas no Rossio ao fim de mais de cem anos.”
Público 16/07/07

Foi com mágoa que tomei conhecimento do encerramento próximo da Loja das Meias. Quem já viveu mais de meio século compreende o que sinto. Aquela loja bem na esquina da Rua Augusta com o Rossio era um verdadeiro ícone da baixa lisboeta, mesmo para os não clientes como era o meu caso. Penso que só uma vez comprei alguma coisa na loja. Foi um bikini dos primeiros que apareceram nos anos 60. Era ainda daqueles em que a parte inferior tinha o aspecto de um calção. Foi uma verdadeira extravagância (devido ao preço) mas ousei fazê-la.
A loja de montras amplas sempre bem decoradas e com modelos agradáveis à vista que não à bolsa constituía um cenário aliciante no largo do Rossio.
A Loja das Meias tinha ainda para mim e, para muita gente da minha geração que viveu e estudou em Lisboa, um outro significado. Era um ponto de referência utilizado para marcar encontros com os amigos e conhecidos. Era frequente ouvir dizer. – Onde nos encontramos? Bem, pode ser na Loja das Meias às tantas.
Ao fim de cerca de 100 anos a Loja das Meias vai fechar. Vai ceder o lugar a uma loja de uma marca. Uma cadeia internacional com produtos iguais em todo o mundo fruto de um gosto formatado. O pior de tudo reside ainda na dificuldade de substituir o antigo ponto de referência. Onde nos encontramos? Na Benetton. Qual delas?

15/06/07

Dia de Portugal ( atrasado)

foi um dos dias escolhidos para dinamizar a candidatura de Sagres a integrar as"7 Maravilhas de Portugal".




Nos passados dias 9 e 10 de Junho realizaram-se na fortaleza de Sagres várias actividades tais como: Cortejos históricos; palestras, feira medieval. Esta última tinha mais de renascentista do que medieval.









Estava também anunciada a “chegada do Infante D. Henrique” que provavelmente terá chegado não sei se vindo do mar ou da terra.
A noite do dia 10 terminou com um concerto do grupo lusófono Sons da fala e logo seguido pelo infalível fogo de artifício.



«Então, lá onde declina a luz sideral, emerge altaneiro o cabo Cinético, ponto extremo da rica Europa, e entra pelas águas salgadas do Oceano povoado de monstros»
Assim se refere Avieno ao cabo de Sagres no século IV d.C. A privilegiada situação geográfica tornou-se estratégica e terá justificado a doação da povoação ao Infante D. Henrique em 1443.
Considero pois que Sagres tem condições para ser considerada uma das 7 maravilhas de Portugal



Comentário muito pessoal


O infante D. Henrique foi uma figura que nunca me agradou. Criei-lhe uma espécie de animosidade. Talvez porque no meu ensino básico se fizeram as Comemorações Henriquinas(1960) e tudo versava à volta do Infante. Acho que enjoei. Mas não foi só o Infante , a cadeira de História da Expansão Portuguesa” que tive na Faculdade de Letras alguns anos mais tarde também não teve melhor fado. Nela se dava primazia às técnicas náuticas utilizadas assim como à necessidade de memorizarmos as descobertas e conquistas juntamente com as datas em que se tinham realizado. Estes factores criaram em mim uma relutância natural por tudo o que se relacionava com a “expansão”.

Só mais tarde quando eu própria comecei a dar aulas senti necessidade de estudar verdadeiramente o assunto e a animosidade foi-se dissipando.

25/05/07

Imaginações

Do deserto...


Rumo ao mar





17/05/07

Dia Mundial das Telecomunicações

A comunicação na sociedade global para o bem e para o mal.

09/05/07