Tenho dó das estrelas
Luzindo há tanto tempo,
Há tanto tempo…
Tenho dó delas.
Não haverá cansaço
Das coisas,
De todas as coisas,
Como das pernas ou de um braço?
Um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir…
Não haverá, enfim
Para as coisas que são,
Não a morte, mas sim
Uma outra espécie de fim,
Ou uma grande razão_
Qualquer coisa assim
Como um perdão?
Fernando Pessoa
10/12/1928
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