O Contrato
Uns dias antes do Domingo de Páscoa já eu ansiava
por fazer o “contrato”. Em casa dos meus avós os intervenientes era eu, única
neta presente e o meu pai embora pudesse ou talvez devesse ser o padrinho o
madrinha.
Os contratantes entrelaçavam os respectivos dedos mínimos e
diziam em voz alta e em coro: “Contrato, contrato que nós faremos, Sábado de
Aleluia desmancharemos, Domingo de Páscoa pagaremos”. Depois era só esperar. No
Sábado de Aleluia levantava-me cedo e, pé ante pé procurava surpreender o meu
pai. Quem de nós os dois dissesse primeiro “Ajoelhe-se e pague”, teria direito
às amêndoas. Como era bom saborear aquelas amêndoas que tantos “temores” tinham
provocado.
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